És o Inter a glória do desporto nacional em sua nova era?

 A evolução e o conseqüente sucesso é um fator de difícil análise, principalmente pela sua característica cíclica, no futebol é muito provável que a análise correta hoje, possa se transformar em um erro amanhã. Nem vou entrar no mérito de avaliar os confrontos dentro de campo, estou me referindo à evolução administrativa que se propôs o Internacional de porto alegre.

Clubes podem e muitas vezes ganham campeonatos pela simples reunião de cosmos vantajosos e algumas pitadas de boas atuações em campo, porém isso é cada vez mais escasso no moderno e disputado futebol atual. Assim, se pretendemos conjecturar uma análise mais avançada que às normalmente superficiais feitas por alguns “atores” envolvidos no futebol, é de caráter importantíssimo que assimilemos  o fato de  que se um time ganha um campeonato, pode com certeza ser por uma circunstância singular de fatores que dificilmente conseguirá se repetir. Ao se vivenciar tal acontecimento há pouco o que se comentar ou se estudar. Porém, quando um time consegue manter um alto grau de desempenho por alguns anos, aí sim há alguma coisa maior acontecendo.

No final dos anos 90, o Atlético Paranaense se tornou um clube modelo principalmente aos clubes medianos do futebol nacional, o clube começou a atuar em um segmento ainda novo, as transferências de atletas medianos. Iniciou a procurar jogadores  desconhecidos e conseguia revendê-los para clubes mais ricos do Brasil e, principalmente , no mercado menos badalado do exterior. Assim, o clube conseguiu expandir consideravelmente sua receita, o que o levou a entrar em um ciclo de vitórias que teve a primeira clara manifestação em 2001, com o título brasileiro, e terminou em 2004, com o vice-campeonato. A partir de tal manifestação e sucesso comprovado, o mercado criado passou a ser utilizado por outros clubes, como São Paulo, Cruzeiro e Grêmio.

Em 2002, através da revelação dos meninos da vila, o Santos de Robinho e Diego conseguiu iniciar um ciclo que resultou em dois títulos nacionais e durou até 2007. Em 2005, o São Paulo iniciou um trabalho e percebeu um nicho de atuação no mercado de empréstimos e de contratação dos jogadores com contratos em fim de execução. Possivelmente por conta da entrada de grupos de investidores no mercado foi criada uma nova fase no mercado de jogadores brasileiros e tornou escassa a disponibilidade de jogadores minimamente talentosos por um preço razoavelmente baixo, tal mercado que o SPFC dominava muito bem passou a ser quase que extinto e pior, deixou o São Paulo levemente a mercê dos empresários que passaram a rechear o clube nos bastidores por conta da quantidade enorme de jogadores sem representantes empresariais até a entrada dos mesmos de vez no futebol.

Na atual postura do mercado que verificamos, o grande beneficiário dessa nova situação que se encontra o negócio de transferências havendo nele grandes grupos atuantes, o Internacional, consegue se relacionar profissionalmente bem com estes grupos e tem uma ligação cordial e favorável com um dos maiores investidores existentes. E esse ciclo, que só se tornou possível por conta de grandes reformulações sofridas pelo clube no início desse século, é o que pode explicar o grande sucesso atravessado, que culminou com a nova conquista da Libertadores.

Aparentemente tal ponderação aliada ao grande envolvimento dos seus torcedores, que figuram não só com apoio na arquibancada como também como financiadores diretos em tudo que o clube almeja, respondem pela qualidade recente do time.

A enorme habilidade do clube em negociar com diferentes grupos privados, seja na venda ou na compra de atletas, tanto nas equipes de base quanto na equipe profissional é o que vem moldando o crescimento do Inter e vai moldar as crescentes no futebol nacional atual, permanecendo assim até que um novo ciclo seja criado e novos exemplos e possíveis hegêmonias apareçam.